sábado, agosto 18, 2007

Mas que m***a é esta???
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Eu sei que o país está a banhos; eu sei que não ligamos peva à liberdade individual e à legítima atribuição dos proventos do trabalho; e sei bem demais que desconfiamos da propriedade privada quando não é nossa.
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"Cem activistas contra os organismos geneticamente modificados destruíram hoje um hectare de milho transgénico cultivado numa herdade em Silves, no Algarve. O proprietário da Herdade da Lameira, João Menezes, 56 anos, disse à Lusa sentir "revolta" ao ver o seu terreno vandalizado.
O movimento autodenominado "Verde Eufémia" não se demoveu. Destruiu. Contra os organismos geneticamente modificados, protestou. A GNR estava por perto, mas não fez detenções. Os manifestantes e os guardas estiveram numa espécie do jogo do gato e do rato, a vigiarem-se uns aos outros. O porta-voz do movimento, Gualter Baptista, diz querer "restabelecer a ordem ecológica, moral e democrática que tem sido constantemente deteriorada pelas políticas da União Europeia e pelo Governo português".Vandalizar parte da primeira plantação de milho transgénico no Algarve, com 50 hectares, teve um significado "simbólico" para outras iniciativas futuras."
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Mas isto é uma vergonha, um escândalo, e um ataque directo à ideia de que o Estado defenderá aquilo que é de cada um contra o ataque de terceiros. Afinal, que raios é que foi isto? Quem é que é responsável? Porque é que os "activistas" não foram impedidos de vandalizar?

"As autoridades souberam do que se iria passar. Por isso, logo pela manhã, foi destacada uma patrulha para perto da herdade. Enquanto os militares permaneceram por perto, nada aconteceu; mal viraram costas, chegou um autocarro de onde saíram os ambientalistas que estragaram o cereal. Com o regresso da GNR, em número reforçado, terminou a tarefa. (...) Para a GNR, os manifestantes não pretendiam o "confronto" com as autoridades, mas apenas "chamar a atenção da opinião pública para as suas ideias". Quando o objectivo foi alcançado, disse Bengala,"entraram calmamente no autocarro e tudo correu de forma civilizada."
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O conceito de desobediência civil passa por actuar contra a lei e sofrer as consequências dessa desobediência. Aos olhos da lei, o que é que interessa que o motivo último seja político? Em momento algum, neste contexto, as autoridades deviam ter permitido a ocorrência de crimes. Aliás, a ideia de que um agente investido de autoridade pode considerar como fundamento de não actuação o facto de um crime ocorrer de forma "civilizada" é fonte de um medo justificado quanto à actuação dos detentores do monopólio do uso da força.
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Quando as autoridades consideram que certo tipo de actividades são aceitáveis porque lhes são politicamente simpáticas, e daí decorre que crimes podem ocorrer debaixo do seu nariz, é o próprio fundamento dessa autoridade que sai minada. Porque uma das razões porque lhes é atribuido poder é para prevenir a existência dos crimes previstos na lei, e não só daqueles crimes que lhes são repugnantes ou que ocorrem de forma incivilizada. E porque formas de desobediência civil há muitas. O terrorismo, por exemplo, é uma delas.

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