terça-feira, junho 19, 2007

...Like a woman scorned

.

Já o tendo sentido na pele, não tenho pejo em confirmar que é um erro desprezar uma mulher. Especialmente se ela for gira, esperta e mãe dos nossos 4 filhos (bom, esta última parte não experimentei).
.
É por isso que acompanho com interesse o psicodrama que o Partido Socialista Francês nos proporciona.
.
Tudo começou há 20 anos, 20 anos esses que Ségolene Royal passou à sombra do seu "parceiro" François Hollande, como mãe dos seus 4 filhos e almofada da sua carreira política, até este se tornar Secretário-Geral do Partido, o tradicional último passo antes de se ganhar o direito à nomeação como candidato presidencial.
.
.

Só que, passados estes 20 anos, Hollande surge como uma cara batida e gasta, enquanto Sego é vista como uma política experiente sem grande desgaste mediático; ele é associado com a ala esquerda, imobilista, derrotada-à-partida do Partido, enquanto ela surge como a face social democrata, inovadora e potencialmente vencedora desse mesmo Partido. E no momento crucial da carreira política de ambos, Sego obtém (e rouba a Hollande) o maior mandato que o Partido pode conferir, a nomeação como candidata presidencial.
.
Ditaria um módico de boa-educação, delicadeza e respeito mútuo que Hollande a apoiasse em público e em privado. Ao invés, aparece uma única vez em público com Sego e tem casos com quadros inferiores do Partido em privado.
.
Sego, após ter sido recusada (consta que o terá pedido em casamento em plena campanha, o que Hollande terá recusado) e traída, expulsou-o de casa e parece determinada a expulsá-lo da liderança do Partido.
.
A lógica do poder é a mesma lógica da vida quotidiana, só que afiada na necessidade nua, frígida e assexuada. É uma lógica cruel, fria, mesquinha e determinada, que não olha a meios desde que se atinjam os fins. Um pouco como uma mulher desprezada, estará agora a pensar François Hollande.

Sem comentários: