segunda-feira, abril 02, 2007

Sim, sim, sim, SIM!

Eu a isto chamo bom senso:
"(...) haverá alguma coisa de errada na forma como os cientistas sociais portugueses se têm inserido no espaço público. O padrão, de resto, faz lembrar o que sucede em França, onde todos os anos se sucedem os sucessos editoriais de luminárias - e já tivemos um ou dois desses em Portugal- que descrevem o "pulsar da alma nacional" recorrendo, para tal, exclusivamente ao "pulsar" da própria alma. Uma cultura de análise política ideológica e antiempírica, onde se supõe que qualidade e erudição da escrita dispensam o aborrecimento de prestar uma vaga atenção à realidade.
(...)
Não deixa de ser curioso que uma boa parte das nossas elites esteja disposta a tomar como ponto de partida para reflexão tudo aquilo que confirme a ideia de que os portugueses são desinformados, medrosos, intolerantes, incultos, infantis ou autoritários. Insatisfeitos com a democracia dispostos a voltar ao passado ou, pelo menos, vulneráveis aos populismos. (...) Semelhante paternalismo, mesmo que iliberal no que toca a exprimir opiniões (por imbecis ou abjectas que sejam), até podem ser bem intencionadas. Mas, já agora, se me permitem a pergunta: quando as elites intelectuais de um país acham que o povo desse país é, no fundo, um bocado estúpido, até que ponto podem elas próprias ser, digamos, sinceramente democráticas?"
Pedro Magalhães, das Margens de Erro, no Público de hoje (que não consigo linkar).
Sublinhados e transcrição minha

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