quinta-feira, abril 26, 2007

E interpor providências cautelares contra todos os actos que o Sá Fernandes possa querer fazer, pode-se?
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Hoje, na vinda para o meu local de trabalho na (protegido por sigilo profissional), achei por bem meter-me na minha viatura de transporte pessoal e ver o lendário, mítico, desejado túnel do Marquês, que rezam as crónicas chegaria numa manhã de nevoeiro (o túnel, não o Marquês, bem entendido).
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Ora, as crónicas estavam erradas: não só o tunel chegou ao cair da tarde, como não havia nevoeiro. Claro que, face à elevada visibilidade do dia, não faltou quem viesse invocar responsabilidades várias pela data de abertura do túnel. Estou a falar, claro, desse defensor da causa popular que é o vereador Sá Fernandes.
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E como procedeu à defesa da causa do demos este herói que podemos considerar um demagogo, no bom sentido da palavra (se tal sentido existir)? Bom, este cavaleiro, este autêntico Dom Quixote, atrasou a abertura do túnel em pelo menos 7 meses, fez disparar os custos em quatro milhões de euros e criou esse belo jogo para todos os que, de carro ou a pé passavam no centro de Lisboa (poucas pessoas, certamente, ainda por cima claros exploradores da classe operária vindos de Cascais ou da Lapa), o "Por onde ir no Marquês?".
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(Didascália: Palmas para o hercúleo vereador)
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Mas o excelso autarca não se ficou por aqui, senhores. Não: veio ontem dizer que a inclinação é perigosa, e que devemos circular a 30 km/horas. Um santo, este vereador, é o que vos digo (embora seja do Bloco).
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Sucede que eu reparei, como a maior parte das pessoas que terá passado pelo túnel hoje, que aquela inclinação só é perigosa para carroças guiadas por cavalos selvagens aterrorizados pelas cores das Amoreiras ou por camiões TIR sem travões. O que me faz duvidar da justeza da providência cautelar (aliás, rejeitada pelo Tribunal, outro sinal de que a referida providência não fazia muito sentido).
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E como tal, tenho de perguntar: quem é que me vai devolver a minha parte dos 4 milhões de euros dos nossos impostos gastos por causa da vontade de protagonismo do nosso herói? E devolver as horas passadas em engarrafamentos desnecessários durante 7 meses? E reembolsar da impossibilidade de circular normalmente (vulgo, passear) no centro da cidade durante esse período? E pagar as várias limpezas de roupa a que tive de proceder por não existirem passeios em várias avenidas circundantes do Marquês, mas sim caminhos de terra?
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Quer-me parecer que o nosso herói, na sua sede de justiça, deveria proceder de acordo com o seu comportamento. E o defensor dos oprimidos e explorados Sá Fernandes deveria iniciar uma acção popular por danos causados pelo (e interpor uma providência cautelar contra todos os actos do) vereador Sá Fernandes.

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