sexta-feira, fevereiro 24, 2006

O melhor escritor de futebol do País: A Causa foi Modificada

Explicação às Pessoas (não me ponham numa montanha sozinho com as equipas do Chelsea e do Barcelona)


Existem pessoas que não viram o jogo de ontem entre o Barcelona e o Chelsea. Pessoas que, ontem, deixaram testemunho orgulhoso do esforço que tiveram de fazer para assistir ao Benfica-Liverpool do dia anterior a ontem. Ora, é bom que as pessoas percebam que se um alienígena tivesse assistido ao jogo entre o Benfica e o Liverpool do dia antes de ontem e no dia seguinte (ontem) ao Chelsea-Barcelona a única conclusão que poderia extrair é que tinha acabado de assistir a, de facto, duas modalidades diferentes, que tinha estado presente em dois eventos de desportos distintos, apesar dos riscos no campo relvado parecerem iguais.Meus amigos, pessoas: assistiu-se ontem à máxima demonstração do que é o futebol comtemporâneo e, como acontece no desporto em geral, a uma das melhores performances futebolísticas de sempre. Porque apesar de tudo é didáctico fazer comparações estúpidas, principalmente para as pessoas, as selecções do Brasil de 58, 70 ou 82, a da Argentina em 86 com o Maradona no pico de forma, as equipas do Real Madrid dos anos 60 ou fim dos noventa, o Bayern ou o Ajax dos anos 70, o Sporting de Peseiro, as Juventos ou os Milões dos anos oitenta e noventa, todas elas, ontem transplantadas inteirinhas para Stamford Bridge, teriam, sem a mínima resposta, levado com meia dúzia de golos pela aquelas balizas adentro, é que nem sabiam de onde eles vinham nem por onde entravam.A excelência de cada passe, de cada corrida, das marcações, das dobras, das compensações, das desmarcações, das simulações, as linhas de passe abertas e fechadas, os centros, os carrinhos, os duelos aérios, a perfeição técnica e táctica de cada piscadela de olho que tenha ocorrido, tudo aquilo esteve muito perto de Deus, da Verdade (coisas assim a começar por maiúsculas).Não há conjunto de frases que descrevam, justifiquem e desculpem a falta de adjectivos e a deficiência em poesia de tudo aquilo que vi escrito até agora sobre o jogo. Não culpo ninguém, deve ser isto o que se chama arte. A BBC ainda agora passou um documentário de três partes, de uma hora cada, sobre o 3 de Maio do Goya, e nada foi dito de significativo ou remotamente essencial com o que se sente ao olhar para a cara do fuzilado.Não se pode destacar ninguém. Quer dizer, pode-se, uma pessoa depois daquela hora e meia de ontem pode tudo e não pode nada. Makelele. O Makelele tem 33 anos, é mais velho que eu. Tem um metro e setenta centímetros, é mais baixo que eu. Tem 64 quilos de peso, o João Pinto é mais pesado que ele. Que força lhe permitiu jogar daquela maneira?Sim, prefiro este futebol aos outros desportos, prefiro aquilo que aconteceu ontem à música toda deste mundo, ao cinema todo deste mundo e do outro, à zoologia, à astronomia e à geologia, à comida, à cerveja, às mulheres, aos homens (incluindo o Pedro Mexia), ao ar livre, à bicicleta, ao dormir, aos jornais e às revistas, talvez só vacilasse perante uma centenazita pequenita de livros, sei lá, teria que pensar melhor nesta coisada toda.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Finalmente...
Quem me conheça, e quem me leia, achará que detesto o Presidente da República cessante. E é verdade: acho que é emocional, táctico, sem rasgo e com uma inclinação natural para a lágrima fácil e a decisão errada.
Ou seja, acho que quando não está a ser irrelvante, ou está ocupado a destruir a imagem do macho latino ou a dar cabo do País. E o pior é que fá-lo inconscientemente.
E pior porquê? Porque, detestando o Presidente da República, gosto do Jorge Sampaio. Do gajo, dos pás e das suas preocupações várias. Do seu empenho e empatia com o próximo. E da sua piada e descontracção, sem falsas ideias sobre a sua importância.
Daí que me dê grande gozo finalmente poder aplaudir ambos, o Presidente e o Jorge ,quanto a qualquer coisa relevante.
Todos sabemos que as lesmas e poltrões do Governo não só acharam que os cartoonistas são umas bestas, como foi oficialmente afirmado que "a culpa da tensão Islão-Ocidente é toda nossa", e que poderia ser resolvido, quiçá, por um torneio de futebol "ocidento-árabe".
É portanto com grande prazer que digo: clap, clap, clap. Bem dito, pá!

quarta-feira, fevereiro 01, 2006




Auxílios à compreensão da neurose Russa

Cerca de 1700 - Pedro o Grande estabelece a doutrina de que a Rússia dominaria, e porteger-se-ia, por via da "protecção dos seus vizinhos"













1815 - Alexandre I defende que o objectivo é impedir qualquer exército de voltar a chegar a Moscovo sem enfrentar obstáculos (como Napoleão, senhor de Europa continental , o tinha feito). A expansão continua, mas o Império Austro-Húngaro, Otomano e Britânico limitam a expansão (defensiva, bem entendida).

















1848- Observa-se pela primeira vez: "Imagine-se o Império Austro-Húngaro fragmentado numa multitude de grandes e pequenos Estados. Que bela base para uma monarquia russa universal".

1917- Impérios Húngaros e Otomanos desfazem-se. Revolução Bolchevique e guerra civil russa impedem expansão. Mas os restos dos Impérios estão à mão de semear.

1941 - Hitler, senhor de Europa continental, chega às portas de Moscovo em 4 meses. A pé. Neurose russa confirmada.

1945- George Kennan descreve "o ponto de vista neurótico que o Kremlin adopta quanto à política externa". Rússia (agora chamada URSS) adquire territórios perdidos em 1917 e cria rede de Estados-protectorados atrás da Cortina de Ferro.















1990- URSS desfaz-se. Rússia perde território. A Alemanha, única verdadeira potência continental, foge ao jugo russo e reunifica-se.

1999 - Aliados russos (sérvios) são bombardeados pela NATO.




















2005- Mais uma vez, Europa parece estar unida.

A Alemanha começa a ter forças militares.

Mais, os antigos Estados-tampão, e mesmo antigos territórios, juntam-se à União Europeia, ou querem fazê-lo. Sequência de Revoluções anti-russas e pró-ocidentais em vários países fronteiriços, próximos de Moscovo, incluindo Kiev, onde S. Cirilo converteu os Russos.


Neurose russa volta em força, naturalmente. Primeiras reacções de defesa com corte de gás à Ucrânia e esfriar de relações diplomáticas com Reino Unido. Porquê?

É relativamente óbvio, não acham?