domingo, fevereiro 13, 2005

Tive reacções que me levaram a pensar que um post meu foi interpretado como sendo homofóbico e que o Carnaval no Rio é horrivel. Nada mais longe da verdade.

A verdade é que a casa onde estou situado é fabulosa para o que queremos: ponho-me na praia em 5 minutos e é equidistante de todos os sítios de interesse da cidade. O facto de os Gays fazerem aqui a sua festa é apenas uma indicação de inteligência. Claro que eu preferia que fosse uma zona de meninas bonitas, e até é, mas na altura estavam todas fora, e tinham sido substítuidas pelos maiores "bills", depilados, bronzeados e a viverem de sucos vitaminicos.

Quanto ao Carnaval, tive direito a outra perspectiva. O Carnaval renasce no fim-de-semana seguinte ao próprio do dia do início da Quaresma, e no sábado há o desfile das Campeãs no Sambódromo, com as 6 melhores escolas. E isto tudo com a grande vantagem de a maior parte da população carioca ter voltado e o "gringo" ter partido.

A ver se nos entendemos: o Sambódromo é horrível, desconfortável, entre duas favelas enormes, e o acesso tem de se fazer pela estação de Metro da simpática Central do Brasil (cujo povo sorridente, simpático e bastante prestimoso no que se refere a assaltar o turista foi já descrito no filme homónimo). Mais, os preços são tais que só os estrangeiros e os cariocas ricos vão, para além dos favelosos que desfilam... E, claro, há muito boiola e drichola (lésbicas). Portanto, mantenho que o Carnaval é pra estranja, rico e maricas (sem querer discriminar nenhum sexo: boiola é só Veado mesmo).

Mas sejamos honesto: se eu não sou estrangeiro o que é que eu sou? Claro que este povo simpático implica que tenho de ser paulista (tenho de falar com sotaque brasileiro, senão não percebem nada e decidem que sou argentino...), mas o facto é que não sou um autóctone. E o Carnaval na Sapucaí é deveras bom. Começa às oito, acaba às seis da manhã e ainda me doem as pernas. Claro que só tem rico e estrangeiro a ver, mas é bom.

É bom o tanas, é um espectáculo. O que talvez não se perceba no estrangeiro é a competição que rodeia o desfile. Tem prioridade, em todo o país, sobre o futebol. Os directores vencedores são mais respeitados que o Papa. Durante 5 dias, tudo o que se vê nas capas dos jornais de todo o país, incluindo os económicos, são as vicissitudes das escolas e dos desfiles. Uma equipa não conseguiu, por falha de material, deixar desfilar a Velha Guarda e foi tragédia nacional. Há apostas sobre os vencedores e lutas entre os vencidos. A campeã, a Beija-Flor, tem direito a festejos nas ruas, o seu samba é cantado por toda a gente, há camisolas, cachecóis e até bandeirinhas de festejo do campeonato. É demais.

Daí que a perspectiva do Carnaval do Rio fora do sambódromo não seja grande coisa, já que tudo é sambódromo; até as festas de rua, os chamados mono-blocos, são com malta que esteve lá a desfilar.

Acho o Rio sem Carnaval melhor: as pessoas são mais simpáticas, é mais barato, pode-se andar na rua e o carioca é o tipo mais simpático à face do planeta. Mas o Carnaval não é nada mau.

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