domingo, outubro 29, 2006

That's all, folks

A religião sempre reconciliou o "tempo rápido" e o "tempo profundo" através da assunção de que o primeiro era de alguma forma apenas um prelúdio deste último - um prelúdio, ou um prólogo, ou um julgamento, ou uma cura. Os artistas do romantismo, a viverem numa idade menos religiosa, pensavam que poderiam ultrapassar a distância entre "tempo rápido" e "tempo profundo" através de uma qualquer vaga transcendência. Não podiam. Nada poderia.
A tragédia da vida não é a inexistência de Deus, mas que as gerações que a vida atravessa são demasiado insignificantes para fazer a diferença. Não há grande providência na queda de um pardal, mas experimente-se dizer isso a um pardal.

Adam Gopnik, Rewriting Nature, traduzido por mim

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