Finalmente...
Quem me conheça, e quem me leia, achará que detesto o Presidente da República cessante. E é verdade: acho que é emocional, táctico, sem rasgo e com uma inclinação natural para a lágrima fácil e a decisão errada.
Ou seja, acho que quando não está a ser irrelvante, ou está ocupado a destruir a imagem do macho latino ou a dar cabo do País. E o pior é que fá-lo inconscientemente.
E pior porquê? Porque, detestando o Presidente da República, gosto do Jorge Sampaio. Do gajo, dos pás e das suas preocupações várias. Do seu empenho e empatia com o próximo. E da sua piada e descontracção, sem falsas ideias sobre a sua importância.
Daí que me dê grande gozo finalmente poder aplaudir ambos, o Presidente e o Jorge ,quanto a qualquer coisa relevante.
Todos sabemos que as lesmas e poltrões do Governo não só acharam que os cartoonistas são umas bestas, como foi oficialmente afirmado que "a culpa da tensão Islão-Ocidente é toda nossa", e que poderia ser resolvido, quiçá, por um torneio de futebol "ocidento-árabe".
Daí a relevância do Presidente da República ter afirmado que "Qualquer que seja o juízo negativo que possamos fazer sobre o sentido, a oportunidade, a intenção e o teor destas caricaturas, ele não põe em causa, de modo nenhum, o direito à liberdade de expressão", e que "tal como o Ocidente nunca aceitou a "fatwa" contra Salman Rushdie (decreto religioso que condenou à morte o escritor), não poderá agora aceitar que a "liberdade de expressão seja atacada, posta em causa e coarctada por grupos políticos e regimes que, infelizmente, não se têm distinguido pelo seu apego à democracia".
É portanto com grande prazer que digo: clap, clap, clap. Bem dito, pá!