OS ANTIGOS SABIAM MUITO II
O primeiro livro da cultura ocidental, a Ilíada, começa com a palavra "Cólera", e, de seguida, dedica mais de 16.000 versos a descrever uma batalha do mais básico e bárbaro (desculpem-me a aliteração) que há.
No entanto, não me parece, após leitura demorada, ter-me alguma vez deparado com um livro que abarque mais elementos do mundo masculino de forma tão completa.
Descontando a Odisseia, que também acaba num banho de sangue (embora com outro fundamento, tipicamente masculino: a tentativa de encornanço por parte de outros gajos), o outro livro fundador da nossa Cultura, a Bíblia, na parte que parece resultar da tradição oral, acaba por também ir no mesmo sentido: sangue, fúria e um Deus zeloso dos seus direitos e vingativo quanto baste (estou a falar da parte prévia aos escritos pelos Profetas e Evangelistas, do Antigo Testamento puro e duro).
Mais uma vez, será difícil encontrar uma obra tão completa, complexa e honesta (outra aliteração... ) sobre a natureza intrínseca do Homem.
E depois deparo-me com reacções a um filme sobre Hitler sobre o "porquê" da maldade do indivíduo e as razões do morticínio, esquecendo que os habitantes do maior país da Europa (e de algumas nações vizinhas) participou alegremente do Holocausto.
As grandes tradições orais ocidentais (masculinas) dizem-nos porquê. Está-nos no sangue, no subconsciente e, em parte, no tecido cultural.
Sejamos honestos, e teremos uma base para uma auto-crítica.
Todas as grandes obras são honestas nos seus próprios termos. Os Antigos podiam ser uns bárbaros irrazoáveis, mas não eram hipócritas.
PS: Não se alegrem as feministas: o não estarem aqui terá muito a ver com o facto de não terem sequer o direito a uma opinião ao longo de toda a História registada.
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