Eu sei que devia estar a estudar. Também tenho noção que estou a abusar um pouco do Benfica: se alguém vier ler isto daqui a uns meses, é bom que se realce que o post sobre o jogo com o Boavista foi uma semana antes do facto.
E não me levem a mal a frase "os jogos são interessantíssimos". Agora a formulação é outra, e o interesse é irrelevante. Ao Benfica acontece tudo.
Mas nada disto interessa. O que interessa é que um jogador, com mais ano e meio que eu, morreu em directo, com um grande plano a focá-lo, e enquanto se ria.
O que interessa é o choque de ver alguém que não conhecemos pessoalmente, mas que conhecemos de longe, que vemos todos os dias desde que é um miúdo (eu lembro-me de o ver jogar na selecção de esperanças da Hungria, antes de vir para o Porto...).
O que as pessoas vão discutir é como é que isto pode acontecer. Isso não me interessa por aí além. Acontecem, e duvido que tenha havido negligência. Qualquer teste é limitado, há sempre qualquer coisa que passa.
O que me interessa é como, depois de ver milhares de pessoas a morrer em directo (o World Trade Center, o Columbia, Timor...), como me acontece, fui capaz de passar para lá da imagem televisiva, da irrealidade da coisa, e ficar genuinamente perturbado.
Como sou capaz de me identificar com os seus colegas mais antigos (Tiago e Ricardo Rocha, desde o Braga), a chorarem como umas Madalenas.
Como percebi perfeitamente que o Tiago é um miúdo mais novo que eu, e se portou como um miúdo.
Passe isso, interessa-me o aproveitamento desenfreado da situação pelos media, com a muito surpreendente contenção da Sportv (pelo menos enquanto tudo decorria em directo).
E interessa-me o humano da situação. A posição maldita do árbitro (a últimja pessoa a falar com ele, a dar-lhe aquele indiscutível amarelo que duvido que esqueça tão cedo). O surpresa da queda, minutos após o golo.
Sic transit gloria mundi. Tudo é, de facto, efémero. E às vezes lembramo-nos disso.
segunda-feira, janeiro 26, 2004
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